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Sinuquinha

Foto do escritor: Lisandro AqueronteLisandro Aqueronte

Atualizado: 30 de jun. de 2024

Crônica em homenagem à Sinuquinha


Sinuquinha, uma cachorra preta de porte médio.

Cadê você Sinuquinha?

Será que há vida após morte?

Será que há vida após morte para cachorros?

Será que há vida após morte para qualquer animal?

Apesar da reposta ser eu não si, espero do fundo do coração que exista. Somos cruéis com todas as formas de vida, da carne em seu prato ao sabiá na gaiola, somos a criação mais terrível da natureza.

Dito isso, estava eu passando na praça pet de minha cidade quando vejo um monumento, por um átimo fiquei feliz e depois veio a tristeza, pois esta bonita imagem me lembrou de uma velha amiga separada de mim pela morte. Não importa o quanto de saudade eu tenha ou dinheiro jamais conseguirei visitá-la ou trazer para perto de mim, só me restando memórias e fantasias.

Desculpe invocar o luto, mas ele veio até mim assim que lembre da Sinuquinha: minha cachorra, pelo preto, cara manhosa e a ponto do rabo branca, imagem que me lembrou um taco de sinuca e assim eu a batizei: Sinuca, o menor filhote da ninhada; Sinuca, parece que de alguma forma ela nunca cresceu, pois mesmo se chamando Sinuca nunca conseguir chamá-la de outro nome além de Sinuquinha.

Preguiçosa, era bem gorda e às vezes fugia de casa para depois ficar com a carona no portão pedindo para entrar.

Às vezes, eu ficava com ela no quintal escuro olhando para o céu imaginando mundos além da minha imaginação enquanto ela me oferecia sua silenciosa atenção.

Eu sei, nem ela, nem eu somos eternos, entretanto filosofar sobre a morte é muito diferente de contemplá-la com os próprios olhos.

Um dia ela só parou de comer, barriga inchada. Eu não entendia e tinha medo da resposta. Era como se eu soubesse a resposta, soubesse que aquilo era o princípio do fim. Lembro de deitar ao lado dela, como se pessoa fosse, e a abraçar, então chorei, chorei como criança, como não chorava a dois anos.

Quem sabe o que se passa na mente de um cachorro nesta hora?

Quando minha mãe pegou dinheiro a levamos ao veterinário. A doutora disse haver um tumor, uma cirurgia foi necessária, cirurgia essa que ela sobreviveu, porém, não resistiu ao pós-operatório e sua jornada terminou… toda vez que passo enfrente aquela clínica ainda dói.

Sinuquinha, Sinuquinha onde está você? Quem além de mim pode atestar sua existência? Agora, no legado da vida, tu estreia em outro protagonismo, tal como dinossauros e pterossauros, tal como eu e toda a espécie humana estrearemos.

Mas chega de tantas lágrimas, quero lembrar de ti igual no sonho que tive na semana de sua partida: você estava feliz, gorda, rabo a abanar numa linda floresta de folhas roxas, céu púrpuro e nuvens lilás, o rio refletia o lindo brilho. E lá estava você, minha Sinuquinha, feliz no reino de Hécate.

Acordei e disse adeus, não sei o que há além do véu, mas de hoje em diante escolho creditar que aquele sonho foi real, um sinal divino, de hoje em diante escolho acreditar que você está lá, morando nesta lindo jardim roxo. Amém!

Adeus Sinuquinha!


Floresta de folhas roxas, céu púrpuro, nuvens lilás e o rio refle o seu lindo brilho.

Quando você era viva eu cantava e no silêncio do presente ainda canto:


Você é a Sinuquinha

Dona do meu coração

Você é a Sinuquinha

Dona do meu coração

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